Ana Rosa, atacante do Galícia/FTC.
(Fotos: Tiago Caldas/ Galícia/FTC)

Quem tem medo de sofrer não merece o melhor da vida. O conselho de mãe sustentou a nossa atacante Ana Rosa ao longo de quinze anos de desafios, dificuldades e preconceito no futebol feminino. A craque de Tucano, no interior da Bahia, se emociona ao lembrar os obstáculos que teve que ultrapassar: a alimentação inadequada, o dinheiro de transporte que falta, o julgamento da família.

“Não é só as pessoas falarem, a teoria; é na prática mesmo. É muito difícil a gente ingressar no futebol. Pelo preconceito, pela falta de investimento mesmo. Às vezes a gente vai pra o clube e não tem uma alimentação, um transporte. E eu digo assim: pra quem quiser entrar e conhecer o futebol feminino, vai ter que entender que mulher joga mesmo por amor. Não é por dinheiro, não é pra receber nada. A gente joga por amor à bola, porque a gente ama o que faz”.

E esse amor de Aninha dura faz tempo, sem previsão alguma de acabar. Não fosse o desafio lançado pelo seu irmão, resultado daquele pensamento de que mulher não sabe jogar futebol, talvez a gente não tivesse a chance de ver a atacante em campo. Esse amor à bola começou aos 11 anos, quando morava com a família em São Paulo. Os meninos da rua eram o time de Aninha àquela altura. O falecimento do pai trouxe todo mundo de volta para a Bahia, onde a atacante passou a se encontrar mais em campo.

“Tive passagem pelo Bahia, fiquei uns 3 anos; depois fui para o Lusaca; tive passagem pelo São Francisco do Conde, que aí foi uma coisa mais profissional. Jogamos o Brasileiro Série A contra vários times da elite do futebol feminino. A partir daí eu cheguei no Galícia, porque consegui uma bolsa na FTC pra estudar”, conta. Antes de vir para o Granadeiro, Aninha jogou uma temporada de futsal também pela FTC, onde conquistou três títulos baianos e o vice no Campeonato Brasileiro.

Poder estudar enquanto faz o que ama é uma das melhores coisas que Aninha nota no time. Quando não está dentro de campo, está dentro da sala de aula se formando educadora física para que possa trabalhar com iniciação esportiva, caso os planos como jogadora de futebol não deem certo.

“Comecei a trabalhar como estagiária numa escolinha aqui do bairro, chamada Pé de Moleque. No início, comecei como preparadora física do Sub-15 e do Sub-17. Depois, passei a comandar o Sub-9 e o Sub-11. Por ter muita afinidade com crianças e gostar de trabalhar com essa parte de iniciação esportiva, eu pude desenvolver um trabalho bem interessante com essa galerinha, que nos levou a dois pódios numa mesma competição: prata com o Sub-9 e bronze com o Sub-11. Foi uma experiência única poder ver meus meninos fazendo uma ótima campanha em um campeonato de alta qualidade, como o Rede Ball Cup”, conta a moradora de Mussurunga.

Vai e brilha!
A atacante faz é arte, e não só com a bola. Falamos pausadamente pra você não se perder: Aninha escreve, compõe, canta toca violão, toca bateria, toca guitarra e está aprendendo a tocar teclado. O dom pra música foi descoberto na igreja que frequentava.

“Ganhei um violão e comecei a tocar. Um rapaz da igreja, antes de eu sair, me presentou com um violão e disse que eu tinha talento. Então, ele me deu um violão e falou pra eu brilhar”, lembra Aninha.

Apesar de ter deixado a igreja, a fé segue intacta. Em todos esses 26 anos de vida, seguem firmes também a noção que Ana Rosa tem de si mesma. “Sou sonhadora, forte, guerreira, cheia de defeitos, mas com uma qualidade inquestionável: sou feita de amor. Prezo sempre pelo amor, pelas coisas boas, pela reciprocidade, pelo bem. Sou intensa em tudo que faço, não gosto de coisas rasas, sonho grande, sinto muito. Nada em mim é pouco, nada em mim é pela metade”, encerra.

O Galícia/FTC é patrocinado pela FTC, pela Infinity Transporte e Turismo e pela JDR.

About Assessoria

O primeiro tricampeão baiano!